O futuro das redes sociais: do entretenimento à economia da atenção
- promocaoasbrafe
- há 12 minutos
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As redes sociais vivem uma transformação sem precedentes. O TikTok, que nasceu como plataforma de vídeos curtos para entretenimento, hoje é um motor de consumo capaz de alterar o comportamento de usuários, marcas e até gigantes como a Meta.
O modelo atual é menos sobre conexões pessoais e mais sobre conteúdo impulsionado por algoritmos, em que a atenção virou a moeda mais valiosa.
Segundo dados do próprio TikTok, 67% dos usuários descobriram produtos inéditos por meio da plataforma e 46% já realizaram compras inspiradas em vídeos. O índice de atenção também impressiona: 99% dos usuários permanecem focados em anúncios, contra 76% em outras redes.
“A plataforma virou o novo Google para os jovens. Eles querem ver, entender e interagir, não apenas pesquisar”, afirma Concheta Feliciano, diretora de Marketing & E-commerce Latam da SVP Worldwide.
Marcas tradicionais em reinvenção
A mudança também impacta marcas históricas. A Singer, que completou 174 anos, apostou em um squad de creators especializados em costura e personalização, como Erika Duque, Gabriela Capone e Joy Souza. Juntos, eles somam milhões de curtidas e já levaram a marca a alcançar 1,3 milhão de contas no Brasil, com mais de 2,7 milhões de visualizações em apenas três meses.
“O impacto geracional é central nesse movimento. Jovens buscam autenticidade, propósito e personalização, e isso exige estratégias segmentadas — do awareness até a conversão”, completa Concheta.
O passo seguinte foi a chegada do TikTok Shop ao Brasil, em agosto, integrando entretenimento e comércio. Agora, criadores e empresas podem vender produtos diretamente em vídeos e transmissões ao vivo, com finalização da compra dentro da própria plataforma.
Entre os primeiros testes estão Riachuelo, Natura e Mari Maria Makeup. A influenciadora Mari Maria, por exemplo, inaugurou a funcionalidade com uma live interativa que atraiu mais de 220 mil pessoas. “Quero estar cada vez mais conectada com meu público, por isso faço questão de levar meus produtos para todas as plataformas”, afirmou.
Conteúdo como ponto de venda
Para especialistas, essa integração redefine o varejo digital.
“Trata-se de uma quebra de paradigma. O conteúdo deixa de ser apenas divulgação e passa a ser o próprio ponto de venda. O engajamento vira conversão e o entretenimento se transforma em estratégia comercial”, explica Hallana Ávila, Head de Marketing Advertising da KAKOI Comunicação.
A tendência já pressiona os concorrentes. Em março, o Facebook lançou a aba Friends para resgatar o modelo de interações pessoais. Mas os dados mostram outra realidade: apenas 7% do tempo no Instagram e 17% no Facebook envolvem amigos. O consumo dominante é de conteúdos não conectados, como definiu a própria Meta.
A economia da atenção
O cenário aponta para um futuro em que as redes sociais deixam de ser espaços de amizade para se tornarem arenas de conteúdo, comércio e algoritmos.
“O que estamos vendo é a morte da rede social como espaço de amizade. O social migrou para apps de mensagens e microcomunidades segmentadas. Nas plataformas abertas, a disputa é pela atenção — e ela é volátil”, destaca Eduarda Camargo, Chief of Growth Officer da Portão 3 (P3).
O grande desafio das marcas será transformar segundos dispersos em atenção qualificada — aquela que gera lembrança, recorrência e confiança.
“Se as empresas não souberem medir valor além da view, correm o risco de entrar em um ciclo de inflação de conteúdo e fadiga do usuário”, conclui Eduarda.
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