Confiança do empresário do Comércio sobe em julho, mas queda anual aponta reflexo negativo da política econômica
- promocaoasbrafe
- 20 de ago.
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Aumento de impostos, juros elevados e falta de corte de gastos geram cautela em relação ao futuro e aos investimentos, enquanto a percepção atual permanece negativa há mais de dois anos.

A confiança do empresário paulistano subiu 1,8% em julho, em comparação com junho. No entanto, em relação ao mesmo período de 2024, houve queda de 3,7%. Os dados são do Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
O crescimento foi sustentado pela desaceleração da inflação e pelo aumento das vendas em datas comemorativas. Contudo, o cenário político-econômico — marcado pelo aumento de impostos, juros elevados e ausência de corte de gastos — segue gerando cautela.
Após cinco quedas consecutivas entre dezembro e abril, que levaram o indicador ao menor nível em quase quatro anos, o ICEC acumula agora três altas seguidas, atingindo 102,8 pontos em julho. A escala vai de 0 a 200, sendo 100 o ponto que divide pessimismo e otimismo.
Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC):
Percepção do momento atual segue negativa há mais de dois anos
Entre os componentes do ICEC, o Índice das Condições Atuais do Empresário do Comércio (ICAEC) foi o destaque do mês:
Variação mensal: +3,8%
Variação anual: -6,3%
Pontuação: 76,3 pontos (ainda abaixo da linha de otimismo)
Apesar da melhora mensal — de 73,5 pontos em junho para 76,3 em julho —, o índice segue como o pior entre os componentes e está há 29 meses consecutivos abaixo de 100 pontos.
Segundo a FecomercioSP, a alta foi puxada por vendas em datas como Dia das Mães e Dia dos Namorados, além da desaceleração inflacionária. Ainda assim, os empresários relatam problemas persistentes de rentabilidade, custos elevados, crédito caro e juros altos, o que mantém o quadro negativo.
Indices: ICAEC, IEEC e llEC:
Empresários seguem cautelosos quanto ao futuro
O Índice de Expectativa do Empresário do Comércio (IEEC) voltou a cair em julho após três altas seguidas:
Queda mensal: -0,8%
Queda anual: -5,8%
Pontuação: 128,4 pontos (na zona de otimismo)
Já o Índice de Investimento do Empresário do Comércio (IIEC) apresentou avanço:
Variação mensal: +3,7%
Variação anual: +1,1%
Pontuação: 103,7 pontos (zona de otimismo)
Mesmo assim, a FecomercioSP destaca que a postura dos empresários é mais cautelosa em relação a novos investimentos, diante de incertezas e juros elevados.
A entidade alerta ainda que, apesar do bom desempenho recente das vendas, margens apertadas, endividamento pós-pandemia e aumento de falências e recuperações judiciais seguem impactando a lucratividade. Além disso, já se observam sinais de desaceleração das vendas.
Índice de Expansão do Comércio (IEC):
Comércio retoma fôlego, apesar da precaução empresarial
O Índice de Expansão do Comércio (IEC) avançou em julho:
Variação mensal: +5,5%
Variação anual: +2,3%
Pontuação: 107,7 pontos (zona de otimismo)
A alta ocorre após seis quedas consecutivas (entre novembro e maio) e representa a segunda elevação seguida do indicador.
O IEC é composto por dois subíndices:
Índice de Expectativa para Contratação de Funcionários (ECF): +3,6% → 118,4 pontos
Índice de Nível de Investimento das Empresas (NIE): +7,9% → 97,1 pontos (ainda em pessimismo)
Na comparação com julho de 2024, o IEC cresceu 2,3% e o ECF avançou 2,4%.
Indices: ECF e NIE:
Resumo do cenário
De forma geral, o comércio paulistano mostra fôlego nas vendas e expansão do setor, mas os empresários seguem em um quadro de cautela.
Enquanto alguns indicadores superam a barreira do pessimismo, outros permanecem negativos, refletindo a combinação de:
Inflação mais controlada e vendas sazonais positivas
Juros elevados, pressão de custos, aumento de impostos e falta de corte de gastos
A FecomercioSP conclui que o setor avança, mas ainda com conservadorismo nos investimentos e risco de desaceleração futura.











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