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Comércio mantém saldo positivo de empregos, mas alta rotatividade desafia o varejo

Dados das regionais do Conselho do Comércio Varejista da FecomercioSP mostram resiliência na geração de vagas, mas apontam dificuldades estruturais de retenção de mão de obra e custos crescentes para empresários


Fonte: Banco de Imagens Canva
Fonte: Banco de Imagens Canva


O mercado de trabalho no Comércio vive um cenário ambíguo. De um lado, o setor segue como uma das principais portas de entrada para quem busca o primeiro emprego, garantindo renda a milhões de brasileiros. De outro, enfrenta entraves históricos, como baixa produtividade e alta rotatividade, fenômeno conhecido como “porta giratória”, em que muitos profissionais entram e saem das empresas em pouco tempo.

Mesmo diante de juros elevados, endividamento e inadimplência das famílias, o Comércio continua entre os maiores empregadores do país. Porém, a dificuldade de reter talentos tem gerado custos adicionais às empresas, que precisam investir continuamente em seleção, treinamento e integração.

Segundo Kelly Carvalho, assessora da FecomercioSP, o atual aquecimento do mercado de trabalho evidencia essa dinâmica de reposição.

“O setor vem registrando aumento no emprego, mas a rotatividade mostra que, muitas vezes, não há criação de novas vagas, apenas substituição da mão de obra”, explica.

Desafios do varejo

No Estado de São Paulo, o Comércio varejista criou 14,1 mil vagas formais até junho de 2025, de acordo com o Novo Caged. Ainda assim, a taxa de rotatividade chegou a 37% no período — em média, um terço da força de trabalho é substituído a cada ano. Nesse ritmo, um estabelecimento leva cerca de 1,7 ano para trocar todo o quadro de funcionários.|

Para os pequenos negócios, o impacto é ainda maior. Além do custo financeiro, a saída de funcionários representa a perda de conhecimento acumulado e pode afetar a experiência do cliente, que valoriza vínculos de confiança no atendimento.

Outro fator que influencia a rotatividade é o perfil da Geração Z, que busca flexibilidade, equilíbrio entre vida pessoal e profissional e oportunidades de diversificação de renda. Segundo Kelly, esse comportamento aumenta a disposição em trocar de empresa diante de propostas mais atrativas.

Formalização e alternativas de contratação

O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado atingiu 39 milhões, recorde histórico. A informalidade segue elevada (37,8% da força de trabalho, ou 38,7 milhões de pessoas), mas permanece entre as menores taxas da série histórica.

Paralelamente, o avanço do Microempreendedor Individual (MEI) é expressivo: mais de 3,7 milhões de registros em São Paulo, o que corresponde a 53,1% das empresas ativas no estado. Para Paulo Igor de Souza, assessor da FecomercioSP, esse movimento merece cautela:

“O MEI tem crescido como alternativa de formalização, mas muitas vezes substitui empregos formais. Isso pode gerar riscos jurídicos e financeiros aos empresários.”

Souza também reforça que convenções coletivas são fundamentais para garantir segurança jurídica, especialmente no Comércio, que exige funcionamento em domingos, feriados e datas sazonais. Além disso, o trabalho intermitente, considerado constitucional pelo STF, pode ser usado de forma estratégica em períodos de maior demanda.

Caminhos para retenção de talentos

Apesar dos desafios, especialistas destacam que o setor pode adotar práticas mais assertivas na gestão de pessoas. Entre elas:

  • Processos seletivos mais direcionados, identificando competências e perfil de cada candidato.


  • Planos de carreira para jovens talentos, com programas de aprendizagem, estágios e metas de capacitação.


  • Uso de tecnologia para reduzir retrabalho e aumentar a produtividade nas lojas.

Segundo Kelly Carvalho, o varejo pode transformar seu papel de primeiro emprego em uma oportunidade de formação profissional:


“Com planejamento e incentivos, é possível reter jovens talentos e reduzir a rotatividade, transformando o desafio em vantagem competitiva para o setor.”

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