Uma pesquisa da FecomercioSP, realizada com 3.622 pessoas na cidade de São Paulo, entre os dias 2 e 19 de julho, analisou o comportamento dos apostadores online. O levantamento apontou que 17% dos entrevistados fazem apostas online, com 25% desses buscando aumentar rapidamente a renda doméstica e outros 9% apostam para investir. A maioria (42%) aposta por diversão, mas quase metade (44%) dos apostadores admitiu acumular mais perdas do que ganhos. Além disso, 20% dos apostadores afirmaram que o dinheiro utilizado nas apostas seria destinado ao pagamento de contas, e 12% o usariam para comprar alimentos se não estivessem apostando.
A pesquisa também revelou que a migração de apostadores do mercado informal para o formal tem ocorrido sem aumentar significativamente o endividamento das famílias. Isso se deve, em parte, ao baixo valor médio das apostas — 52% dos apostadores gastam menos de R$ 50 por mês —, o que minimiza o impacto financeiro. Além disso, 85% dos apostadores relataram não precisar adotar medidas financeiras adicionais devido às apostas. No entanto, 11% dos apostadores disseram já ter buscado ajuda financeira com familiares ou amigos para pagar apostas online, o que demonstra um risco potencial para os mais vulneráveis.
O baixo valor das apostas e o reduzido comprometimento da renda para honrar outros compromissos indicam que o orçamento das famílias paulistanas, de uma forma geral, não está sendo significativamente afetado pelas apostas online. Essa constatação é apoiada pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) revelou que, em julho, a inadimplência das famílias paulistanas atingiu o menor nível desde outubro. O percentual passou de 20,8% em julho para 19,9% em julho.
Devido ao baixo valor das apostas e à concentração entre queles que já jogavam no mercado informal, não têm tido impacto negativo significativo no orçamento dos consumidores.
Outro dado relevante é o uso do PIX, a forma de pagamento mais comum nas apostas online (87%), o que ajuda a evitar o acúmulo de dívidas no cartão de crédito. Redes sociais e influenciadores digitais são as principais fontes de informação sobre apostas para 64% e 17% dos apostadores, respectivamente, indicando a importância do marketing digital nesse setor.
A pesquisa também evidenciou uma falta de conhecimento sobre a legislação vigente: 41% dos apostadores desconhecem a Lei 14.790/2023, que regula o mercado de apostas online, tributando em 15% os ganhos das apostas. A FecomercioSP enfatiza a necessidade de uma regulamentação robusta para garantir segurança jurídica e proteger os consumidores. Outro aspecto importante a implementação de campanhas que visem a educação financeira, de forma que os apostadores possam ter acesso a conhecimento sobre planejamento financeiro e investimentos.
A FecomercioSP continuará monitorando o setor e pressionando por políticas públicas que regulamentem e fiscalizem as apostas online de forma eficaz.
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