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Cenário da indústria brasileira é de otimismo cauteloso

A publicação do 25° Boletim de Conjuntura Industrial revela melhoras, mas ainda é cedo para ter segurança, constata Carlos Vian


Fonte: Banco de imagens Canva

Após períodos turbulentos de crise econômica e pandemia, o setor industrial brasileiro volta a dar indícios de melhora e estabilização. Para comentar o assunto, o entrevistado foi o professor Carlos Vian, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP. Ele afirma que os indicadores de fevereiro indicaram “que alguns segmentos começaram a ter uma pequena melhora”. No entanto, ainda está cedo demais para ter segurança, apesar da expectativa a princípio boa: “Ainda estamos no limiar entre as expectativas positivas e negativas. Passamos um pouquinho do que é o pessimismo em muitos setores e qualquer modificação no cenário pode voltar para uma situação de pessimismo”.


Cenário e projeções

O setor industrial é fortemente impactado pela macroeconomia. Consequentemente, mudanças recentes na política financeira do Brasil e novas projeções são relevantes para compreender o contexto da indústria. “O Focus (relatório de mercado produzido pelo Banco Central do Brasil) trouxe uma visão um pouco melhor, com previsões para este ano e para o próximo de uma perspectiva de redução da inflação, uma melhoria das expectativas de crescimento do PIB e mantém uma expectativa de queda da Selic, embora um pouco mais lenta do que se esperaria anteriormente”, diz Vian.


Esses marcadores, para o professor, revelam um certo otimismo: “[O relatório Focus] está bastante em linha com o que demonstra os indicadores de confiança de empresário. O recorte setorial também mostra que alguns segmentos estão melhorando, principalmente na parte de veículos, metalurgia e máquinas”. Para o futuro, ele acha que “teremos uma certa clareza da política industrial e de como as coisas vão se comportar. Acho que ao longo deste ano as coisas começam a se encaixar”.


Segundo o boletim, há uma tendência de leve recuperação das produções físicas e estabilidade nos indicadores de mercado de trabalho, aliado a uma melhora da expectativa de demanda por parte dos consumidores, uma tênue melhora da confiança e preços de metais estáveis.


Tendências


Sobre quais setores performam melhor e pior, o especialista comenta: “Quando olhamos para os dados de produção de produtos básicos, como aço, por exemplo, eles cresceram”. Isso apesar de uma estabilidade na demanda, o que o faz acreditar que seja uma retomada de estoque.


Produtos intermediários, como peças de produção, demonstram estabilidade. O setor que se saiu pior foi o de bens de capital, que são produtos que servem para produzir outros, como maquinário. “Nós sempre esperamos que melhore, porque ele indica que existe uma retomada de investimentos, mas esse setor é o mais drástico. A gente tem quedas, continua caindo”, comenta o professor.


Já o setor que mais cresceu foi o de bens de consumo, como a produção automobilística ou de eletrônicos. Para Vian, isso pode ser devido a “algumas medidas que foram tomadas agora recentemente pela indústria automobilística”, além de que o “fim de ano sempre é um momento de renovação”.

 

Jornal da USP no Ar Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 

 

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