São Paulo e Ceará foram os estados que registraram maior avanço da produção na comparação com fevereiro.
A produção industrial cresceu, na passagem de fevereiro para março, em 9 das 15 regiões pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam os dados divulgados nesta terça-feira (10).
O desempenho regional permitiu que a indústria brasileira, no geral, registrasse alta de 0,3% no mês. Foi o segundo resultado positivo seguido, mas ainda insuficiente para eliminar as perdas de janeiro (-2%) e permanece 2,1% abaixo do patamar de antes do início da pandemia, de fevereiro de 2020. “A produção nacional teve um crescimento tímido em março, por causa de fatores como a baixa massa de rendimento, a inflação elevada e o encarecimento das matérias-primas, que não permitem o aumento do ritmo”, apontou o analista da pesquisa, Bernardo Almeida.
Segundo Almeida, São Paulo e Ceará foram os estados que mais se destacaram no mês - a indústria paulista beneficiada pela produção automotiva, enquanto a cearense aquecida pelos segmentos de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados e de bebidas.
Desempenho da produção industrial em março
Resultado mensal, na comparação com o mês imediatamente anterior
O pesquisador destacou que tanto a indústria paulista quanto a cearense registraram o segundo mês de crescimento na produção, acumulando alta, respectivamente, de 9,1% e 10% no período.
“Mesmo assim, a produção paulista está 17,4% inferior ao seu patamar mais alto, alcançado em março de 2011”, ponderou Almeida.
Já entre os seis locais com recuo na produção na passagem de fevereiro para março, se destacam Santa Catarina, Pará e Espírito Santo apresentaram os recuos mais acentuados.
A indústria catarinense, que apresentou o recuo mais intenso no mês, perdeu o que havia acumulado em dois meses seguidos de alta, segundo o pesquisador. "Essa perda está relacionada à retração no setor de vestuário, que é muito atuante na indústria catarinense, e também de alimentos e máquinas e equipamentos”, enfatizou Almeida.
Outros indicadores
De acordo com o IBGE, na comparação com março do ano passado, a indústria nacional teve redução de 2,1%, com queda em sete dos 15 locais pesquisados. Santa Catarina (-9,8%), Pará (-7,2%) e Amazonas (-4,1%) foram os locais que registraram os recuos mais intensos.
Também tiveram queda na comparação com março do ano passado os estados de Pernambuco (-2,9%), Paraná (-2,8%), Espírito Santo (-2,3%) e Goiás (-1,9%) completou o conjunto de locais com índices negativos nesse mês.
Já entre os oito estados com alta na produção, o maior destaque ficou com Mato Grosso (22,9%), o único a ter crescimento de dois dígitos, impulsiomado pela fabricação de produtos alimentícios e de bebidas. Os demais estados com aumento na produção foram Bahia (8,6%), Rio de Janeiro (5,4%), Ceará (4,7%), São Paulo (2,9%), Rio Grande do Sul (2,0%), Região Nordeste (1,8%) e Minas Gerais (1,5%).
Já para o indicador acumulado no ano, nove dos 15 locais pesquisados registraram recuo. Ceará (-12,8%) e Pará (-12,2%) tiveram as quedas mais expressivas.
A indústria cearense foi negativamente influenciada pela queda dos setores de artefatos de couro, artigos para viagem, confecção de artigos do vestuário e acessórios e máquinas, aparelhos e materiais elétricos. Já a produção industrial do Pará foi afetada pela retração das indústrias extrativas e metalurgia.
Já o indicador acumulado em 12 meses, que para a indústria nacional avançou 1,8% em março, teve resultado positivo em nove dos 15 locais pesquisados - todavia 11 apontaram menor dinamismo frente a fevereiro.
Santa Catarina (de 7,2% para 3,5%), Amazonas (de 8,9% para 6,5%), Paraná (de 7,5% para 5,8%), Rio Grande do Sul (de 6,5% para 5,0%), Pará (de -6,1% para -7,1%), São Paulo (de 3,0% para 2,1%) e Minas Gerais (de 7,9% para 7,0%) mostraram as principais perdas entre fevereiro e março.
Já Bahia (de -10,3% para -8,2%), Mato Grosso (de 5,2% para 7,0%) e Rio de Janeiro (de -5,3% para 6,2%) assinalaram os maiores ganhos entre os dois períodos.
Perspectivas para o ano
A alta dos juros e inflação persistente têm tirado o poder de compra e de consumo das famílias, afetando as perspectivas para o crescimento da economia em 2022.
A confiança do consumidor, entretanto, voltou a subir em abril, após ter recuado em março, em meio ao anúncio de medidas como a liberação de saques do FGTS e antecipação de 13º de aposentados.
Já a quantidade de endividados e a proporção de famílias com dívidas ou contas em atraso bateram recorde novo recorde em abril, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O mercado financeiro estima atualmente um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,70% em 2022. Já para a inflação a projeção é de 7,89%.
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