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Estratégias para o fortalecimento da indústria

Taxa de juros adequada, política industrial perene e inovação tecnológica estão entre as condições necessárias para impulsionar o setor, segundo participantes dos painéis temáticos do CNN Talks


Fonte: FIESP

A fim de discutir o futuro da indústria no Brasil, a CNN reuniu autoridades e empresários no CNN Talks, evento realizado na quinta-feira (29/8), em São Paulo, que teve a participação do presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, do presidente do Ciesp, Rafael Cervone, e do diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi. Confira aqui o que eles disseram durante a abertura.


Na sequência, no painel que tratou do tema “Plano Nova Indústria Brasil”, o diretor de Desenvolvimento Tecnológico da Embraer, Maurílio Albanese, lembrou que o projeto de neoindustrialização do país precisa unir governo, indústria e academia, para ser exitoso. E destacou a importância de investir constantemente em inovação.


“Hoje, metade da receita da Embraer vem de produtos e serviços desenvolvidos nos últimos cinco anos. Ou seja, se deixarmos de inovar nos próximos cinco anos, a Embraer verá reduzir em 50% a receita que ela tem atualmente. Inovar é uma necessidade, e a educação é fundamental para isso”, disse.


Entre várias decisões importantes, uma empresa multinacional precisa decidir onde vai investir. E quando apresenta as justificativas para investir no Brasil, a presidente da GE HealthCare no Brasil, Marina Viana, reforça a importância dos recursos humanos do país.


“Por que investir no Brasil e não na China, na Turquia ou em Israel? Por causa da capacidade dos nossos profissionais e devido à educação, que tem se mostrado cada vez mais forte para preparar profissionais na área de tecnologia. Isso tem atraído as multinacionais”, disse ela, que também defendeu mais incentivos fiscais para o setor.


De acordo com o vice-presidente da Siemens Energy Brasil, André Clark, o Brasil tem conhecimento para implementar políticas industriais, sendo bons resultados disso gigantes como a Embraer e a Petrobras, por exemplo. “O carro movido a álcool é de uma política industrial de mais de 30 anos”, exemplificou Clark.


POTENCIALIDADES DA INDÚSTRIA


As potencialidades da indústria brasileira foram o mote do segundo painel do evento. Embora a taxa de juros seja preocupante, na visão do economista-chefe da Fiesp, Igor Rocha, mais preocupante é a curva de juros ao longo do tempo.


“Uma coisa é a Selic. Outra coisa é a curva de juros (que tem como referência os títulos públicos). Quando o banco decide financiar o setor industrial ele não está necessariamente olhando para a Selic, mas para as oportunidades que ele tem de alocação de capital e o custo de oportunidade nessa curva de tempo, seja ela de quatro, cinco ou 10 anos”, observou Rocha. Neste contexto, ainda que a Selic esteja alta, o mais importante é ter a curva de juros descendente.


Ele disse que os segmentos imobiliário e do agronegócio contam com mecanismos próprios para fugir do aperto monetário em cenário de alta de juros, caso das Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA). Mas o setor industrial não conta com essa possibilidade. Assim, é preferível ter uma taxa de juros menor, independentemente da curva de longo prazo.


“Comparando o Brasil com seus pares emergentes, é óbvio que existe uma anomalia, porque o prêmio de risco é muito alto. Mas o ambiente de expectativas normalizou uma taxa de juros elevada”, afirmou o economista da Fiesp.


Além de taxa de juros atrativa, o país se beneficiaria muito se souber tirar proveito da transição energética. “O mundo investe o equivalente ao PIB do Brasil em transição energética, mas ela é apenas uma das macrotendências. Inteligência Artificial é outra, entre elas, e uma grande consumidora de energia. A razão é de um para 15, entre consumo de pesquisas realizadas no Google e no ChatGPT. Se o mundo usará cada vez mais energia, que sejamos quem vai fornecê-la”, disse o presidente da Cemig, Reynaldo Passanezi Filho.


Há oportunidades para a indústria na área de saúde também, de acordo com o chefe-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (Abimo), Paulo Fraccaro. “Falando sobre dispositivos médicos, que é a indústria da saúde que exclui a produção de remédios, mas inclui equipamentos e máquinas, a cada R$ 100 gastos, cerca de 65% dos produtos vêm de fora”, relatou. “O investimento pode gerar empregos e inovação, por isso devemos lutar pelo fortalecimento do complexo do setor de saúde no país”.


POLÍTICAS PÚBLICAS


Por fim, o último painel do evento teve as discussões voltadas para as políticas públicas para o setor industrial. “A indústria é o fio condutor de um processo de desenvolvimento. E uma política industrial é uma política de indução. Mas ela não ocorre sem o investimento. Por isso, devemos retomar uma agenda sistêmica que favoreça todas as atividades econômicas, mas também a indústria, por suas características”, defende o economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rafael Cagnin.


Redução de custo sistêmicos, realinhamento de variáveis macroeconômicas e, obviamente, taxa de juros adequada seriam condições que alavancariam a indústria brasileira, de acordo com Cagnin. Mas isso exige esforço consistente de curto e longo prazo. “Nenhuma política industrial cabe em um governo. Ela pode nascer como política de governo, mas precisa se transformar em uma política de Estado para superar os ciclos políticos”.


O presidente-executivo da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Venilton Tadini, vê o momento atual com otimismo. “Existe uma diferença estrutural desde a última tentativa de crescimento, que foi muito mais um esforço compensatório devido à crise sanitária pela qual passamos, do que uma política estruturada de desenvolvimento”, disse, destacando que agora há investimento externo e maior participação no mercado de capitais, que entrou em campo.


Por fim, o diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi, defendeu a ideia de igualar o plano de neoindustrialização ao que já existe no agronegócio. “Podemos ganhar mais produtividade na agricultura com mais indústria, pois tudo vem da indústria”, afirmou. Ele também destacou o papel do estado como indutor do crescimento.


“No mundo, só teremos indústria competitiva com ação do estado. Qualquer que seja indústria ou atividade econômica no planeta, o estado é o elemento impulsionador e estratégico dessa atividade econômica, como é na Alemanha, na Inglaterra, no Japão ou nos Estados Unidos. Dizer que a indústria não precisa de subsídios é de uma ignorância visceral, porque todos os países subsidiam fortemente as suas indústrias”, apontou.


“Se o Brasil conseguir concluir a Reforma Tributária e baixar a taxa de juros, levando-a para um patamar aceitável, o Brasil vai deslanchar, porque temos setor industrial sofisticado e base científica”, disse Lucchesi. “Então o país vai ter um ciclo de crescimento próspero para as próximas décadas”, finalizou.

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